Richard Soares

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

IRONMAN 70.3 PUCON


Depois de tanta expectativa eu finalmente competi em Pucon no Chile e realizei um sonho antigo, desde o dia que eu ingressei para o triathlon. Na véspera de embarcar para a prova eu tive que pegar um bike emprestada, pois descobri na ultima revisão que a espiga do meu garfo havia trincado. Peguei então a bike emprestada com o meu grande amigo Leo Barriche que me salvou dessa roubada!

Cheguei em Pucon na quinta-feira e o tempo já estava nublado, uns brasileiros de SP que pegaram o translado comigo me avisam que a previsão era de chuva para domingo. Chegando lá percebi logo por que o lugar e tão visitado pelos turistas, a cidade e muito bonita e respira esportes de aventura. 

Me acomodei junto com minha esposa no hotel Kernayel que apesar de pequeno e muito aconchegante e tem uma bela vista para o vulcão Villarica. Curtimos a cidade nesses 3 dias antes da prova com algumas corridas e uma volta de bike por parte do percurso. 

Já no sábado para a retirada dos kits e entrega das bikes o clima estava fechado com fortes rajadas de vento e pancadas de chuva com trovoadas. Eu e Jade já estávamos aflitos, pois já sentíamos bastante frio e sabíamos que se aquela condição se mantese estaríamos fritos. Eu logo pensei "não adiantou nada eu treinar debaixo daquele sol escaldante da rodovia do sol a não ser pelo vento". Eu tive que comprar uma camisa de compressão e uma luva de ciclismo antes da prova, pois fui preparado para competir de bermuda e top. 

Seguimos para o hotel debaixo de muita chuva e muito frio e assim dormimos  (ou quase) adrenalizados e torcendo, pedindo a Deus pra que pelo menos a chuva parasse. 


Acordei e vi que o pior havia chegado, a chuva aumentou, o vento aumentou e a temperatura caiu ainda mais chegando a 5º graus. Sai para a prova muito sentido, pois não era aquilo que eu tinha projetado e mal sabia como eu poderia largar numa prova dessas com tanta chuva, vento e frio. 

Cheguei para a pintura da numeração e ao tirar a camisa quase congelei, minha esposa sequer levou o matéria para a prova, já havia desistido no hotel tamanho era o frio e a má condição do tempo. No saguão do hotel haviam muitos atletas aflitos olhando para fora assistindo o vento envergando as árvores e arrastando as cadeiras. O que me deixou puto da vida foi ver alguns atletas sem camisa prontos pra largar, sempre tem uns que não estão nem ai, mas provavelmente são os gringos habituados a baixas temperaturas em seus países, pois os brasileiros estavam todos batendo queixo. 

O tempo passou e vamos informados que a largada seria atrasada em uma hora e que haveria um novo congresso técnico. Nessa hora vamos informados que por questão de segurança a prova passaria a ser um duathlon com uma corrida de 5 km no lugar da natação. E que se possível os atletas evitassem andar no clip, pois as rachadas de ventos junto com o asfalto molhado seria fácil beijar o chão. A chuva deu uma trégua e eu larguei mais empolgado pensando que a chuva não voltaria. 

Na largada eu me posicionei bem na frente, e corri os 5 km pra 20' minutos. Ao começar a primeira volta da bike tudo parecia bem, eu me senti bem e sai forte e cheguei no segundo bloco dos amadores. No fim da primeira perna o frio começou a pegar já que com o vento contra e gelado esfriou rapidamente o corpo da primeira corrida. Segui para a cidade já sentido as pernas duras e com os óculos embaçando a toda hora, pois o vapor que saia da boca era intenso. 

A chuva começou novamente e bem forte como uma tromba d'agua a partir dai tudo começou a piorar. Mesmo assim consegui fechar a primeira volta pra 1h15min, mas sabia que a segunda volta a media cairia. Não deu outra, ela começou a despencar, pois nessa hora começou a chover granizo fino e minhas mãos e pés começaram a perder a sensibilidade e o movimento, estavam congelando. Se manter segurando no glip ou no guidão era uma missão difícil pois eram de alumínio e estavam totalmente congelados também. 
Para subir as ladeiras eu chegava a quase 10 km/h comecei ali a perder muita energia além das posições, que para alguns atletas não pareciam ser afetados. Na entrada da cidade o vento era tão forte que tive que sair do clip, cheguei na transição com 2h39min de pedal.

Quando desci da bike estava uma enorme chuva, ao pisar no chão não sentia meus pés e ainda parecia que dentro do meu tênis havia uma pedra. A sorte foi que minha esposa estava lá me esperando debaixo de toda aquela chuva morrendo de frio. Quando sentei no chão para tirar minhas meias de compressão que estavam muito molhadas, eu não conseguia dobrar os dedos das mãos, meu quadríceps começou a ter contrações involuntárias e eu não sabia o que fazer. Minha esposa me jogou uma toalha e eu consegui esquentar um pouco as mãos. Tirei a meia molhada e coloquei meias secas e sai para a corrida, tudo isso me custou quase 10 minutos. 

Na metade da primeira volta meu corpo esquentou e eu comecei a correr muito bem, parei apenas para tirar a camisa de frio que eu estava e para consertar o meu numero, pois com toda aquela confusão fiquei com medo de eles não anotarem o meu numero, pois o sistema de chip poderia apresentar problemas com toda aquela chuva. O percurso da corrida e bem duro com muitas subidas e descidas eu ainda consegui fechar essa etapa para 1h42minutos. No final eu fiquei muito muito satisfeito, pois voltaria pra casa pelo menos com a minha medalha de finalista. Minhas ambições era de chegar entre os 10 primeiros colocados, mas depois que eu vi o resultado geral, percebi que não fui tão mal assim nessas condições, até porque fui o único que perdi esse baita tempo na T2. 

Infelizmente minha esposa não fez a prova o que me deixou muito triste, mas agradeço muito a ela por todo apoio dado pra mim durante a prova. Com certeza vamos voltar lá pra que ela realize a prova na próxima vez. 

Na minha categoria foram 23 atletas que não largaram e 9 atletas que abandonaram a prova. 

Confiram os resultados em: http://fundaventura.com/res/Pcn11/b.php


4 comentários:

  1. Rapaz, que experiência , que sofrimento hen!!!!
    Mostrou que vc melhorou muito mentalmente, parabéns, depois dessa, póde chover até canivete rsrsrs o Ironman de 2011 promete hen!!!!

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  2. Uma dúvida: você faz o trajeto de bicicleta com a meia de compressão e a corrida sem, certo? Algum motivo específico? Eu imaginava que meia fosse mais importante na corrida, pela maior vibração muscular.

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  3. Pois e Franklin você tem toda razão. E que como estava frio eu resolvi pedalar com as meias já que eu já estava com elas, porém ela molhou muito durante o pedal em conseguencia da chuva. Quando chegeui na transição estava com muito frio e preferi retira-lás para colocar meias secas.

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  4. Mauro Monteiro - RJ8 de junho de 2011 às 16:23

    Ae brother, que prova hein ???? Sou mais um triathleta amador, que estou pensando em levar minha esposa e duas filhas ( menos de 5 anos )nessa aventura...ficou muito caro ? Como vc fechou o pacote de viagem ? Alguma sugestão ? Abração e bons treinos !

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